quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Resumo A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Entregue nas "Faculdades Integradas Ipiranga". Como horas complementares. Curso: Licenciatura em História. Turma LHN02. Aluno: Sebastião Pereira Viana Júnior.




                                                                                                                                     
RESUMO:  A  ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO[1]
FASCÍCULO DA FACULDADE IPIRANGA –PROGRAMA DE LICENCIATURAS INTEGRADAS – EIXO DE FORMAÇÃO COMUM,  Belém, PA, 2014. CAPÍTULOS: I Filiação Religiosa e Estratificação Social; II  O Espírito do Capitalismo. Autor: Max Weber. Editora. Elaborado de 25/09/2014 a 00/09/2014.

Sebastião Pereira Viana Júnior[2]





A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo



No presente resumo Weber nos dá uma amostra do que foi a mudança de comportamento segundo os parâmetros RELIGIOSOS, e CAPITALISTA. O comportamento de países protestantes, fez com que essas nações dessem um salto de seu desenvolvimento capitalista, enquanto os católicos foram, ultrapassados.
Ele nos mostra a filiação religiosa e a estratificação social como sendo mazelas da sociedade capitalista a religião funciona como uma empresa,ela segue uma hierarquia. Em o Espírito do Capitalismo, eles nos mostra um protestante sedento por lucro, enquanto o católico vivia uma vida mais comportada, o protestante incorporou esse espírito capitalista.   



I
Filiação Religiosa e Estratificação Social



Uma simples olhada nas estatísticas ocupacionais de qualquer país de composição religiosa mista mostrará, com notável frequência, uma situação que muitas vezes provocou discussões na imprensa e literatura católicas e nos congressos católicos, principalmente na Alemanha: o fato que os homens de negócios e donos do capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente das modernas empresas é predominantemente protestante.
            Este fato não se verifica apenas onde a diferença de religião coincide com uma nacionalidade, e portanto com seu desenvolvimento cultural, como no caso da Alemanha oriental e da Polônia. Observamos a mesma coisa onde se fez levantamentos de filiação religiosa, por onde quer que o capitalismo, na época de sua grande expansão, pôde alterar a distribuição social conforme suas necessidades e determinar a estrutura ocupacional. Quanto maior foi a liberdade de ação, mais claro o efeito apontado.
É bem verdade que a maior participação relativa dos Protestantes na propriedade do capital, na direção e nas esferas mais altas das modernas empresas comerciais e industriais pode em parte ser explicada pelas circunstâncias históricas oriundas de um passado distante, nas quais a filiação religiosa não poderia ser apontada como causa de condição econômica, mas até certo ponto parece ser resultado daquela.
            Os resultados de tais circunstâncias favorecem os protestantes, até hoje, na sua labuta pela existência econômica. Surge assim a indagação histórica: porque os lugares de maior desenvolvimento econômico foram, ao mesmo tempo, particularmente propícios a uma revolução dentro da Igreja? A resposta não é tão simples como se poderia pensar.
Além disso há algo especialmente importante: pode ser, como já foi aventado, que a maior participação dos protestantes nas posições de proprietário e de dirigente na moderna vida econômica seja entendida hoje, pelo menos em parte, simplesmente como resultado da maior riqueza material herdada por eles. Contudo, há certos fenômenos que não podem ser explicados por esse caminho. Só para citar alguns, há uma grande diferença perceptível, em Baden, na Baviera e na Hungria, no tipo de educação superior que católicos e protestantes proporcionam a seus filhos. O fato de a porcentagem de católicos entre os estudantes e os formados nas instituições de ensino superior ser proporcionalmente inferior à população total, pode, certamente, ser largamente explicado em termos de riqueza herdada. Porém, entre os próprios formados católicos, a porcentagem dos que receberam formação em instituições que preparam especialmente para os estudos técnicos e ocupações comerciais e industriais, e em geral para a vida de negócios de classe média, é muito inferior à dos protestantes. Por sua vez, os católicos preferem o tipo de aprendizagem oferecido pelos ginásios humanísticos. Essa é uma circunstância à qual não se aplica a explicação acima apontada, mas que, ao contrário, é uma das razões do pequeno engajamento dos católicos nas empresas capitalistas.
            Mais notável ainda é um fato que explica parcialmente a menor proporção de católicos entre os trabalhadores especializados na moderna indústria. Sabe se que as fábricas arregimentaram boa parte de sua mão de obra especializada entre os jovens artesãos; contudo, isso é muito mais verdadeiro para os diaristas protestantes que para os católicos.
            A menor participação dos católicos na moderna vida de negócios da Alemanha é tão notável justamente porque contraria a tendência observada em todos os tempos,” até
mesmo no presente.
            Um escritor contemporânea tentou definir a diferença de atitudes diante da vida econômica da seguinte maneira: “O católico é mais quieto, tem menor impulso aquisitivo; prefere uma vida a mais segura possível, mesmo tendo menores rendimentos, a uma vida mais excitante e cheia de riscos, mesmo que esta possa lhe propiciar a oportunidade de ganhar honrarias e riquezas. Diz o provérbio, jocosamente: “Coma ou durma bem”. Neste caso, o protestante prefere comer bem, e o católico, dormir sossegado”.
            De fato, esse desejo de “comer bem” pode ser encarado como uma caracterização correta, embora incompleta, da motivação de muitos dos protestantes da Alemanha atual. Mas as coisa nem sempre foram assim: os puritanos ingleses, americanos e holandeses tinham a característica exatamente oposta à alegria de viver, um fato que é, como veremos, da maior importância para o nosso estudo. Além disso, os protestantes franceses, entre outros, conservaram e ainda conservam, em certa medida até hoje, as características das igrejas calvinistas de todos os países, especialmente as sob a cruz do tempo das guerras religiosas.
            Não obstante, tais características foram (ou talvez tenham sido até as causas, como indagaremos mais adiante) sabidamente um dos mais importantes fatores de desenvolvimento do capitalismo e da indústria na França,. (...). Ambos diferem de modo semelhante da tendência religiosa predominante em seus respectivos países. Os católicos da França são, em seus escalões inferiores, grandemente interessados nos prazeres da vida e, nas camadas superiores, francamente hostis à religião. Os protestantes da Alemanha, do mesmo modo, são absorvidos pelas atividades econômicas diuturnas e, nas suas camadas superiores, são muito indiferentes à religião.
            Do mesmo modo, é uma notável circunstância que muitos dos maiores empreendedores capitalistas – até Cecil Rhodes – tenham tido origem em famílias de clérigos, o que pode ser interpretado como uma reação contra a sua formação ascética.
Essa forma de explicação, contudo, torna se falha quando se combinam um extraordinário senso capitalístico dos negócios com as mais intensas formas religiosas nas mesmas pessoas e grupos, e que lhes penetra e direciona a vida toda.
            (...)...Mas nem todas as ramificações protestantes parecem ter tido a mesma poderosa influência nesse sentido. A do Calvinismo, mesmo na Alemanha, parece ter sido das mais fortes, e a fé reformada” parece ter promovido o desenvolvimento do espírito do capitalismo no Wupperthal como em outro lugares.
            (...)...Se quisermos encontrar uma relação interna entre certas expressões do velho espírito protestante e a cultura capitalista moderna, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo deveremos tentar encontrá-la, bem ou mal, não na alegria de viver mais ou menos materialista, ou ao menos anti-ascética, mas nas suas características puramente religiosas.
Mostesquieu (Esprit des Lois, Livro XX, cap, 7) diz dos ingleses que “foram, de todos os povos, os que mais progrediram em três coisa importantes: na religião, no comércio e na liberdade”. Não seria possível que sua superioridade comercial e sua adaptação às instituições políticas liberais tivessem, de algum modo, relação com a religiosidade que Mostesquieu lhes atribui?
           





II
O Espírito do Capitalismo



No título deste estudo usamos a frase, algo pretensiosa, o espírito do capitalismo. O que se entende por isso? A tentativa de dar qualquer definição para isso implica em certas dificuldades, inerentes à natureza deste tipo de investigação.
Esse é um resultado necessário da natureza dos conceitos históricos que tentam, para suas finalidades metodológicas, apanhar a realidade histórica não em uma forma abstrata e geral, mas em concretos conjuntos genéticos de relações, inevitavelmente de caráter individual, e especificamente únicos.
Por isso, se tentarmos determinar o objeto, a análise e explicação histórica tentadas não podem ser feitas na forma de definição conceitual, mas, ao menos no início, como uma descrição provisória do que entendemos aqui por espírito do capitalismo. Tal descrição é entretanto indispensável para uma compreensão clara do objetivo da investigação. Com essa finalidade, remetemo-nos a um documento desse espírito, que contém, em uma pureza quase clássica, aquilo que buscamos – com a vantagem de ser ao mesmo tempo livre de qualquer relação direta com a religião, sendo pois, para os nossos propósitos, livre de preconceitos.
“Lembre-se que o tempo é dinheiro. Para aquele que pode ganhar dez shillings por dia pelo seu trabalho e vai passear ou fica ocioso metade do dia, apesar de não gastar mais que seis pence em sua vadiagem ou diversão, não deve ser computada apenas essa despesa; ele gastou, ou melhor, jogou fora. mais cinco shillings. “Lembre-se que o crédito é dinheiro. Se um homem deixa seu dinheiro em minhas mãos por mais tempo que o devido, está me dando os juros, ou tudo o que eu possa fazer com ele durante esse tempo. Isto atinge somas consideráveis quando alguém goza de bom e amplo crédito, e faz dele bom uso. “Lembre-se que o dinheiro é de natureza prolífica e geradora. O dinheiro pode gerar dinheiro, e seu produto gerar mais, e assim por diante. Cinco shillings circulando são seis; circulando de novo são sete e três pence e assim por diante, até se tornarem cem libras. Quanto mais dele houver, mais produz a cada aplicação, de modo que seus juros aumentam cada vez mais rapidamente. Aquele que mata uma porca prenhe, destrói sua descendência até a milésima geração. Aquele que “mata” uma coroa, destrói tudo aquilo que poderia ter produzido, até muitas libras”.
“Lembre-se do ditado: O bom pagador é dono da bolsa alheia . Aquele que é conhecido por pagar exata e pontualmente na data prometida pode, a qualquer momento e em qualquer ocasião, levantar todo o dinheiro de que seus amigos possam dispor. Isso, por vezes, é de grande utilidade. Além da industriosidade e da frugalidade, nada contribui mais para a subida de um jovem na vida que a pontualidade e a justiça em todos os seus negócios; por isso, nunca mantenha dinheiro emprestado uma hora sequer além do tempo prometido, para  que o desapontamento não feche para sempre, à bolsa de teus amigos”.

“Por seis libras anuais poderás desfrutar do uso de cem libras, desde que sejas um homem de reconhecida prudência e honestidade.”

Aquele que gasta um groat por dia inutilmente, desperdiça mais de seis libras por ano, que seria o preço do uso de cem libras.”

Aquele que desperdiça o valor de um groat de seu tempo por dia, um dia após o outro, desperdiça o privilégio de usar cem libras a cada dia.”

“Aquele que perde inutilmente o valor de cinco shillings de seu tempo, perde cinco shillings, e poderia com a mesma prudência tê- los jogados ao mar.”

Aquele que perde cinco shillings, não perde apenas essa soma, mas também todas as vantagens que poderia obter investindo a em negócios, e que durante o tempo em que um jovem se torna um velho, se tornaria uma soma considerável”.


É Benjamin Franklin que nos admoesta com tais sentenças, as mesmas que Ferdinand Kürnberger satiriza em seu inteligente e malicioso Picture of American Culture , como uma suposta confissão de fé do yankee. Não há o que duvidar de que é o espírito do capitalismo que aqui se expressa de modo característico, conquanto estejamos longe de afirmar que tudo o que possamos entender como pertencente a ele esteja contido nisso.


(...)...o espírito dessa colocação é evidentemente bem diferente das de Franklin. Aquilo que no caso de Franklin foi uma expressão de audácia comercial e uma inclinação pessoal moralmente neutra assume nesse outro o caráter ético de uma regra de conduta de vida. O conceito de espírito do capitalismo é usado aqui no sentido específico de espírito do capitalismo moderno. (...)... Pelo modo como estamos colocando o problema, é obvio que estamos nos referindo ao capitalismo da Europa Ocidental e da América do Norte. O capitalismo existiu na China, na índia, na Babilônia no mundo clássico e na Idade Média.
Se pois formularmos a pergunta por que devemos fazer dinheiro às custas dos homens, o próprio Benjamin Franklin, embora não fosse um deísta convicto, responde em sua autobiografia com uma citação da Bíblia que lhe fora inculcada pelo pai, rígido calvinista, em sua juventude : “Vês um homem diligente em seus afazeres? Ele estará acima dos reis”. (Provérbios 22; 29). O ganho de dinheiro na moderna ordem econômica é, desde que feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência em certo caminho; e essas eficiência e virtude são, como agora se tornou fácil de ver, o alfa e o ômega da verdadeira ética de Franklin, como foi expressa nos trechos citados, tanto quanto em todos os seus escritos, sem exceção.
            Naturalmente, essa concepção não se manifestou apenas sob as condições capitalistas. Pelo contrário, mais tarde seguiremos suas origens em tempos anteriores ao advento do capitalismo. Naturalmente não afirmamos tampouco que a aceitação consciente de tais máximas éticas por parte dos indivíduos, quer empresários quer trabalhadores das modernas empresas capitalistas seja condição para a futura existência do capitalismo atual. A economia capitalista moderna é um imenso cosmos no qual o indivíduo nasce, e que se lhe afigura, ao menos como indivíduo, como uma ordem de coisas inalterável, na qual ele tem de viver. Ela força o indivíduo, a medida que esse esteja envolvido no sistema de relações de mercado, a se conformar às regras de comportamento capitalistas.
Assim pois, o capitalismo atual, que veio para dominar a vida econômica, educa e seleciona os sujeitos de quem precisa, mediante o processo de sobrevivência econômica do mais apto.
            (...)...o espírito do capitalismo, (no sentido adotado) estava presente antes da ordem capitalista. Havia queixas contra uma habilidade peculiar de cálculo para obtenção de lucro na Nova Inglaterra, que se distinguia das outras partes da América, desde os idos de 1632. Está fora de questão que o capit alismo permaneceu, de longe, menos desenvolvido em algumas das colônias vizinhas, que depois se tornariam os estados do sul dos Estados Unidos da América.
            A origem e a história de tais idéias é porém muito mais complexa do que supõem os teóricos da superestrutura. O espírito do capitalismo, no sentido em que usamos o termo, teve de lutar por sua supremacia contra um mundo inteiro de forças hostis.
            O predomínio universal da absoluta falta de escrúpulos na ocupação de interesses egoístas na obtenção do dinheiro tem sido uma característica daqueles países cujo desenvolvimento burguês capitalista, medido pelos padrões ocidentais, permaneceu atrasado.
Em todos os períodos históricos, sempre que foi possível houve a aquisição cruel, desligada de qualquer norma ética. Como a guerra e a pirataria, o comércio tem sido, muitas vezes, irrestrito em suas relações com estrangeiros e com os externos ao grupo. A dupla ética permitiu o que era proibido negociar entre irmãos.
A aquisição capitalista aventureira tem sido familiar em todos os tipos de sociedade econômica que conheceram o comércio com o uso do dinheiro e que ofereciam oportunidades mediante comenda, exploração de impostos, empréstimos de Estado, financiamento de guerras, cortes ducais e cargos públicos.
            O mais importante oponente contra o qual o espírito do capitalismo, entendido como um padrão de vida definido e que clama por sanções éticas, teve de lutar, foi esse tipo de atitude e reação contra as novas situações, que poderemos designar como tradicionalismo. Também nesse caso, qualquer tentativa de definição final deve ser mantida em suspenso. Devemos, por outro lado, tentar dar um sentido provisório claro, citando alguns casos. Começaremos por baixo, pelos trabalhadores.
            Um dos meios técnicos de que os empregadores modernos lançam mão para garantir o maior volume possível de trabalho de seus homens é o sistema de pagamento por tarefa. (...)...Por exemplo, um homem que ganha 1 marco por acre ceifado, ceifa 2 e 1/2 acres por dia e ganha dois marcos e meio por dia; quando o valor da tarefa foi aumentado para 1,25 marcos por acre ceifado, não ceifou 3 acres, como poderia ter feito facilmente, ganhando 3,75 marcos, mas ceifou apenas 2 acres de modo a continuar ganhando os 2,5 marcos a que estava acostumado. A oportunidade de ganhar mais foi menos atraente do que trabalhar menos. Ele não se perguntava: quanto poderia ganhar em um dia se eu fizesse o maior trabalho possível? Em vez disso, perguntava se: quanto devo trabalhar para ganhar o salário,de 2,5 marcos que eu ganhava antes e que bastava para as minhas necessidades tradicionais?
            Este é um exemplo do que queremos significar aqui por tradicionalismo. O homem não deseja “naturalmente” ganhar mais e mais dinheiro, mas viver simplesmente como foi acostumado a viver e ganhar o necessário para isso. Onde quer que o capitalismo moderno tenha começado sua ação de aumentar a produtividade do trabalho humano aumentando sua intensidade, tem encontrado a teimosíssima resistência desse traço orientador do trabalho pré-capitalista. E ainda hoje a encontra, e por mais atrasadas que sejam as forças de trabalho (do ponto de vista capitalista) com que tenha de lidar.
           
Mas a eficácia desse método, aparentemente tão eficiente, tem seus limites. Obviamente, um excesso de mão de obra que possa ser empregada a baixo preço no mercado de trabalho é uma necessidade para o desenvolvimento do capitalismo. Mas, embora tão grande exército de reserva possa em certos casos favorecer a expansão quantitativa, ele desafia seu desenvolvimento qualitativo, especialmente para as empresas que fazem uso mais intensivo do trabalho. Baixos salários não são sinônimo de trabalho barato. De um ponto de vista puramente quantitativo, a eficiência do trabalho diminui com um salário que seja fisiologicamente insuficiente, que, a longo prazo, signifique a sobrevivência da inépcia.
O capitalismo de hoje, por estar em posição de comando, pode recrutar suas forças de trabalho com certa facilidade. (...)...O tipo de mão de obra retrógrada tradicional é, com muita frequência exemplificado pelas mulheres trabalhadoras, especialmente as não casadas.
A habilidade de concentração mental, tanto quanto o sentimento de dever, absolutamente essencial, em relação ao trabalho, são aqui muitas vezes combinados com uma economia rígida, que calcula a possibilidade de altos ganhos, um frio autocontrole e frugalidade que, aumentam enormemente o desempenho.(...)... Isto fornece o fundamento mais favorável para a concepção do trabalho como um fim em si mesmo, como uma vocação necessária ao capitalismo: as oportunidades de superar o tradicionalismo são maiores por conta da formação religiosa.
            Essa observação do capitalismo atual sugere por si mesma a validade da indagação de como essa conexão entre adaptabilidade ao capitalismo e fatores religiosos possa ter surgido nos momentos iniciais de seu desenvolvimento.
            Voltemos contudo ao presente, e agora para o empresário, para esclarecer o significado do tradicionalismo no caso deste. Sombart, na sua discussão sobre a gênese do capitalismo, fez a distinção entre satisfação das necessidades e aquisição como sendo os dois grandes princípios orientadores da história econômica.


(...)...No primeiro caso, a obtenção dos bens necessários à satisfação das necessidades pessoais,

(...)...e no segundo, a luta para obter lucros sem os limites impostos pelas necessidades, tem sido as finalidades controladoras da forma e da direção da atividade econômica.


A saber, empresas dirigidas por empreendedores particulares utilizando capital (dinheiro ou bens com valor monetário) para obter lucro, comprando os meios de produção e vendendo o produto, isto é, empresas indubitavelmente capitalistas podem ao mesmo tempo ter um caráter, tradicionalista.
(...)...Apesar disso, usamos provisoriamente a expressão do espírito do capitalismo (moderno) para designar a atitude que busca o lucro racional e sistematicamente.
E o que é mais importante nessa relação, o que trouxe essa revolução, em tais casos, não foi geralmente o fluxo de dinheiro novo investido na indústria – em muitos casos que conheço, todo o processo revolucionário foi acionado por poucos milhares de capital emprestado de conhecidos – mas foi o novo espírito, o espírito do moderno capitalismo que fez o trabalho.
            (...)...Quando o imaginário de todo um povo se volta para grandezas puramente quantitativas, como nos Estados Unidos, esse romantismo de números exerce um irresistível apelo sobre os poetas entre os homens de negócios. Estes, por outro lado, não são geralmente os verdadeiros líderes, e em especial não são empreendedores de sucesso permanente que são por ele aliciados
            Mas é exatamente isto que parece ao homem pré-capitalista tão incompreensível e misterioso, tão desprezível e sem valor. Que alguém possa ser capaz de fazer disso o único fim de sua vida útil, descer ao sepulcro vergado sob o peso de tão grande carga material de dinheiro e bens, parece lhe explicável apenas como o produto de um instinto perverso, da auri sacra fame.
            (...)...Quem quer que não adapte seu modo de vida às condições do sucesso capitalista é sobrepujado, ou pelo menos é impedido de subir.(...)... Se foi esse o caso, e em que sentido, será objeto de nossa investigação. Será desnecessário provar que o conceito de ganhar dinheiro como um fim a si mesmo, ao qual as pessoas estava presas como a uma vocação, sempre foi contrário ao sentimento ético de todas as épocas.
            Suas vidas profissionais, enquanto estiveram atados às tradições da igreja, eram na melhor das hipóteses, algo eticamente indiferente; era tolerada, mas mesmo assim, por conta do contínuo perigo de conflito com a doutrina da igreja, algo perigoso para a salvação.
            Somas bem consideráveis, como as fontes nos mostram, ao morrer dos ricos, eram transferidas para as instituições religiosas como dívida de consciência, e por vezes até retornavam como usura aos devedores anteriores, de quem tinha sido cobrada injustamente.
            (...)...O fato a ser historicamente explicado é que no centro mais altamente capitalista da época a Florença dos séculos XIV e XV, mercado de dinheiro e capital de todos os grandes poderes políticos, essa atitude era considerada injustificável eticamente e na melhor das hipóteses, tolerada; e todavia, nas circunstâncias retrógradas e pequeno burguesas da Pennsylvania do século XVIII.(...)... Qual seria pois o arcabouço ideológico que poderíamos apontar para o tipo de atividade aparentemente direcionadas para o lucro em si, como uma vocação para com a qual o indivíduo sinta uma obrigação ética ? Pois que foi este tipo de idéias que determinou o modo de vida dos novos empreendedores, seus fundamentos éticos e justificativas.
(...)...Sem dúvida justificadamente, se entendermos por isso a extensão da produtividade do trabalho que aliviou, mediante a subordinação dos processos produtivos aos pontos de vista científicos, sua dependência das limitações naturais orgânicas do ser humano.(...)...  Do mesmo modo, é uma das características fundamentais de uma economia individualista capitalista, racionalizada com base no rigor do cálculo, dirigida com previsão e cautela para o sucesso econômico almejado,
Poderia então parecer que o desenvolvimento do espírito capitalista seria melhor compreendido como sendo parte do desenvolvimento do racionalismo como:um todo, e poderia ser deduzido das posições fundamentais do racionalismo obre os problemas básicos da vida.
A filosofia temporal racional do século XVIII não encontrou boa acolhida principalmente nos países de maior desenvolvimento capitalista. As doutrinas de Voltaire são até hoje propriedade comum das camadas superiores e, o que é mais importante na prática, dos grupos de classe média dos países católicos romanos.
            Porém já nos convencemos de este não é absolutamente o solo em que a relação do homem com sua vocação como obrigação, que é necessária ao capitalismo, tenha
preeminentemente se desenvolvido. De fato, podemos – e esta simples proposição muitas vezes esquecida poderia ser posta no início de qualquer estudo que tente lidar com o racionalismo – racionalizar a vida a partir de pontos de vista fundamentalmente diferentes e em direções muito diferentes. O racionalismo é um conceito histórico que envolve todo um mundo de coisas diferentes. Será nossa tarefa descobrir a filiação intelectual particular do pensamento racional da forma concreta, de que surgiu da idéia de devoção ao trabalho e de vocação, que é, como vimos, tão irracional do ponto de vista do auto- interesse puramente eudemonista, mas que foi e ainda é um dos elementos mais característicos de nossa cultura capitalista. Estamos aqui particularmente interessados precisamente na origem do elemento irracional subjacente nesta como em qualquer concepção de vocação.



Concluímos que o comportamento católico em comparação ao protestante, e é de estrema diferença, para o católico mais valia uma relação de amizade do que manter relações extremamente rígidas de mercado, enquanto o protestante preferia manter uma relação fria extremamente capitalista.
O espírito do capitalismo não é do século XIX como fala Weber, ela veem a muito tempo, já na antiga Inglaterra, podia se diferenciar as pessoas com esse comportamento extremamente capitalistas.








[1] Resumo exigido como parte de Atividades Complementares.
[2] Aluno do curso de licenciatura em História da Faculdade Ipiranga, turma LHN 02.

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